Olhares Palavras Momentos

segunda-feira, abril 30, 2007

quinta-feira, abril 19, 2007

de tão estendido na areia

Vejo-te nua sobre a luz, pouca, permitida nos estores. O calor da manhã um copo gelado um sol a adivinhar-se difícil. Os sons retomam da calma nocturna a posse das ondas, relegam os insectos ao silêncio proibido da actividade humana. Dias de férias. Esqueço-me de onde venho de tão estendido na areia, distensão da ordem, da rotina desse normal que é nosso. Do habitual tenho-te a ti, deitada na cama, dormindo. Do resto, a distância provoca o efeito desejado, sonhos que não chegam, momentos indistintos desde esta primeira noite. Ficaríamos aqui para sempre se durasse mais que uma semana.

segunda-feira, abril 16, 2007

quinta-feira, abril 12, 2007

Eu

Há dores que são só nossas. Minhas. Há momentos só meus, num outro seriam patéticos, falhos, incompreendidos. Há frases que só a mim fazem sentido, palavras que doutra forma não se casariam (à minha espera, quantas frases à minha espera?, quantos textos por existir?). Há sonhos que nunca seriam sonhados, há memórias nunca esquecidas assim (que é no esquecimento, no filtro apertado de um oceano de instantes de cores gritos silêncios que molda este eu, esta geometria de duas letras). Há lágrimas que nunca seriam choradas, haveria risos nunca ouvidos, confortos sem mensageiro, amores perdidos. Há gestos próprios, desenterrados (descobertos) da matéria primordial, do barro infindo desta humanidade que, à sua maneira, também é ímpar. Há e há e haverá sempre até deixar de haver (do fim também, e só, o sei único). Depois és tu (que lhes dás sentido, forma, rosto de espelho que felizmente não me obedece). E os outros.

segunda-feira, abril 09, 2007

quinta-feira, abril 05, 2007

de costas para mim, num sorriso que adivinho

Pela rua dou-me aos passos que levam o hábito a mais um dia. Subo os olhos pela esquina e observo nuvens adiadas de chuva por detrás do gato preto lambendo das patas a noite. O rosto dela lá se encontra, um arrebato de luz um sinal um talvez de desejo. Tudo o resto sombra, natureza morta desse quadro que te centra. Espero, num vidro de uma loja por abrir, que desças. Sem surpresa, horas contadas, chegas pela porta da rua, lanças um olá um sorriso prontamente respondidos e segues para a fila de espera recheada doutros. Passas pelos pardais nessa dança de migalhas que trazes de casa (a tua marca neste jardim). O velho do quiosque diz-te qualquer coisa como troca do jornal, não ouvi, nunca lhe oiço as palavras, e afastas-te, de costas para mim, num sorriso que adivinho. Esperas (sempre o costume) até o autocarro abrir portas para atravessar Lisboa e deixar-me as horas que passo nos despojos desta, minha, cobardia.

segunda-feira, abril 02, 2007

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