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quarta-feira, abril 02, 2008

que notícia terias tu para lhes dar?

Os corredores vazios e o cheiro a limpo, no ar, escondem o início da manhã que deixaste lá fora. O cadeado solta-se, abre-se a porta de vidro, tu entras. Os postais, as canetas os lápis, o tabaco empilhado por colunas de cor, a máquina das fotocópias adormecida. A loja na mesma. Chegam os jornais antes dos clientes, notícias de ontem de hoje, urgências, rostos públicos, imagens fortes de primeira página. De ti apenas o gesto que os expõe separados na vitrina (o mundo não passa aqui, apenas se enuncia na angústia dos jornalistas que lhe dão formato e tradução, que notícia terias tu para lhes dar? que poderias saber de diferente? e como lhes dizer se assim fosse?). Sabes que mais um dia passará e no seu igual serás menos que gente para quase todos, apenas o mínimo necessário de rosto para devolver um troco.

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