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terça-feira, julho 14, 2009

A minha solidão na tua

Como te queres que te chame? Maria? Que nome esse que a todas vos nomeia. Porque me ri? Por nada, por tudo, porque da estrada que nos leva não adivinhamos as curvas, porque o que tem cara de passagem é muitas vezes destino. O caminho que fiz? Maria, nem te saberia começar essa história tal são os anos e as cidades que a cobrem. Dizem-me que nasci na margem do Douro, num espelho de água que é raro ver-se agora, no ruído do rio, nessa passagem líquida que separa os homens. Há muito que não olho o Douro como devia, apenas lhe uso as pontes e não é mais, hoje, que funil de estradas. Mas depois, chegado por detrás destes montes (é verdade, donde viria o nome desta tua terra?), dos sons da lezíria neste pequeno rio que vos atravessa, o teu rosto o teu corpo em movimento e eu, eu parado a contar o tempo para te dizer olá.

quinta-feira, julho 09, 2009

terça-feira, julho 07, 2009

A tua solidão na minha

Sente-se, por favor, sente-se que eu trago alguma coisa para comer. Do que gosta? Posso tratá-lo por tu? Do que gostas então? Também eu tenho boa boca. E sim, também gosto do teu sorriso, já te vira nele durante a semana passada quando chegaste à aldeia, neste cinzento escurecido que ninguém de fora se lembra. Passam cá, quatro em quatro anos, uns carros coloridos agitados, cheios de gente que está noutro lado, a olhar o futuro que querem ver. Fora isso, nem o padre se lembraria deste canto se não lhe entretecem os olhos caídos de Helena, a menina do Conde. E vieste tu, com o teu riso determinado para arranjar a velhice desta terra, a pintar-nos nas mãos as cores do progresso, na tua ânsia de agarrar qualquer mundo que te passe na frente. Tão diferente que és desta... O que dizes? Solidão? Sim, é disso que se revestem estas casas. Vem no vento que passa, na geada que fica. Vem no silêncio velado destes ombros, meus, há muito tempo não tocados.

quinta-feira, julho 02, 2009

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