A minha solidão na tua
Como te queres que te chame? Maria? Que nome esse que a todas vos nomeia. Porque me ri? Por nada, por tudo, porque da estrada que nos leva não adivinhamos as curvas, porque o que tem cara de passagem é muitas vezes destino. O caminho que fiz? Maria, nem te saberia começar essa história tal são os anos e as cidades que a cobrem. Dizem-me que nasci na margem do Douro, num espelho de água que é raro ver-se agora, no ruído do rio, nessa passagem líquida que separa os homens. Há muito que não olho o Douro como devia, apenas lhe uso as pontes e não é mais, hoje, que funil de estradas. Mas depois, chegado por detrás destes montes (é verdade, donde viria o nome desta tua terra?), dos sons da lezíria neste pequeno rio que vos atravessa, o teu rosto o teu corpo em movimento e eu, eu parado a contar o tempo para te dizer olá.
Olhares Palavras Momentos
terça-feira, julho 14, 2009
quinta-feira, julho 09, 2009
terça-feira, julho 07, 2009
A tua solidão na minha
Sente-se, por favor, sente-se que eu trago alguma coisa para comer. Do que gosta? Posso tratá-lo por tu? Do que gostas então? Também eu tenho boa boca. E sim, também gosto do teu sorriso, já te vira nele durante a semana passada quando chegaste à aldeia, neste cinzento escurecido que ninguém de fora se lembra. Passam cá, quatro em quatro anos, uns carros coloridos agitados, cheios de gente que está noutro lado, a olhar o futuro que querem ver. Fora isso, nem o padre se lembraria deste canto se não lhe entretecem os olhos caídos de Helena, a menina do Conde. E vieste tu, com o teu riso determinado para arranjar a velhice desta terra, a pintar-nos nas mãos as cores do progresso, na tua ânsia de agarrar qualquer mundo que te passe na frente. Tão diferente que és desta... O que dizes? Solidão? Sim, é disso que se revestem estas casas. Vem no vento que passa, na geada que fica. Vem no silêncio velado destes ombros, meus, há muito tempo não tocados.
Por João Neto às 10:02 Etiquetas: silencios 0 comentário(s)
quinta-feira, julho 02, 2009
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