todos nós histórias
Eu nesta festa fechado. Vejo um casal, ela a dizer-lhe algo, os olhos dele a afastarem-se numa outra que passa mas aquela mão de mulher a segurar-lhe o corpo. Vejo dois dedos e um cigarro a esvair-se em fumo, um copo de vinho tinto já bebido sobre o barulho da sala e é como se nenhum de nós falasse. Vejo um braço apoiado na parede e nele, como uma estátua, um homem a ouvir um telefone. Alguém se levanta e deixa uma mulher sentada, triste, sozinha entre caras outras na entrada da casa de banho (e um outro homem se lhe dirige mas ela calada, num silêncio cansado a dizer não com a cabeça). E sobre a alcatifa vermelha todos nós, todos ilhas entre pontes de palavras, todos nós histórias, desejos detidos.
Olhares Palavras Momentos
terça-feira, dezembro 08, 2009
domingo, dezembro 06, 2009
sexta-feira, dezembro 04, 2009
são Romas, Zuriques
O som dos que vão e vêm, passos e sacos carregados no ambiente estável de aeroporto. Divides-te entre o relógio e o placar que reporta os aviões chegados, o futuro das próximas horas descrito em números, letras, nomes de cidades, são Romas, Zuriques, Luandas, Rios de Janeiro a cruzarem o ar para fazer-se à pista. Tão comum este regurgitar de pessoas, de destinos opacos embrulhados em malas (verdes, vermelhas, azuis de tamanhos diversos, um aviso essa imagem fácil de diferença que nos previne a mistura. Quão mais difícil é adivinhar os tons nossos, os de dentro?) e tu nelas a deixá-las passar, indiferente aos rostos enquanto não vem o dela. Os minutos passam, o placar muda, eis que chegam em filas iguais às outras, mas aquele chapéu amarelo que se adivinha, que disse que traria e que a separa e ilumina. Levantas-te e ela junto a ti parada, pela primeira vez não separados por telefone ou entre letras de teclado. Não dizes nada porque não consegues, não dizes nada porque tudo em ti num primeiro abraço.
Por João Neto às 12:03 Etiquetas: silencios 0 comentário(s)
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