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sexta-feira, janeiro 19, 2007

Não posso mais com generalidades

Porque ainda te oiço? Como adivinhar nos teus lábios a verdade (ou pelo menos o engano sincero que é a tua verdade) daquilo que te convém dizer neste ou naquele momento? Vejo-te os olhos e nada de antes lá está. Ou se está, ficou escondido, perdido nessa tua gestão de contista, de menestrel fora de prazo que se vislumbra na repetição das tuas desculpas. As razões não as conheço, apenas tenho o bode expiatório da passagem dos anos (quantos foram estes anos? não me lembro) que de pouco serve já que serve para tudo. Acho-me a mesma mas não me consigo olhar nos olhos por um espelho. Os meus (todos os olhos) conhecem-lhe os enganos, não se dão num reflexo. E tu, como me poderias dizer o que verdadeiramente achas, se nessa hora não for o que verdadeiramente queres (que é levar-me para a cama, ou jantares calado pedindo o sal num esticar de braço como se fosses mudo ou eu surda para te ouvir ou, ainda, depois e à noite, a deixar-te ler a bola ver a bola ouvir a bola)? Como desabafar com uma pessoa outra que compreenda, que te conheça - não - que nos conheça como somos e como fomos? Onde resta alguém assim? Não posso mais com generalidades. Sobro eu e miseravelmente tu. Antes pensava que me cercavas de silêncio mas creio agora ser ele que nos encerra.

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