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sexta-feira, março 23, 2007

Um cão, na areia solitária,

Sento-me na esplanada deste Inverno em fim de manhã. O empregado diz qualquer coisa e eu digo qualquer coisa, ambos contentes da missão cumprida e ele já no próximo cliente. Abro o livro dividido no marcador de metal por ti oferecido. As palavras renascem, voltam à carga desse estado dormente de página fechada, reanimadas talvez pela luz (alimentar-se-ão os livros com energia solar? não chegará o lá largado do autor?) e embrenho-me nelas, em humores e personagens. Um cão, na areia solitária, corre sem razão rente às ondas. Faz-me emprestar os olhos ao mar e para desespero do parágrafo seguinte reconheço (e não reconheço) aquele padrão de azul igual, sempre diferente entregue ao silêncio da paisagem. Ficaria ali muito tempo mas o sol, reflectido entre a linha do horizonte e a da vaga que agora molha a distracção daquele ladrar, lembra-me a falta de não ter óculos escuros (o sol lembrou-se? um ladrar distraído? que ânsia desesperada a nossa de tudo encher de significado).

1 comentário:

Isabela Figueiredo disse...

Agora estou cheia de sono, mas prometo vir amanhã ler esta maravilha com calma. Um abraço grande.

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