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quinta-feira, abril 12, 2007

Eu

Há dores que são só nossas. Minhas. Há momentos só meus, num outro seriam patéticos, falhos, incompreendidos. Há frases que só a mim fazem sentido, palavras que doutra forma não se casariam (à minha espera, quantas frases à minha espera?, quantos textos por existir?). Há sonhos que nunca seriam sonhados, há memórias nunca esquecidas assim (que é no esquecimento, no filtro apertado de um oceano de instantes de cores gritos silêncios que molda este eu, esta geometria de duas letras). Há lágrimas que nunca seriam choradas, haveria risos nunca ouvidos, confortos sem mensageiro, amores perdidos. Há gestos próprios, desenterrados (descobertos) da matéria primordial, do barro infindo desta humanidade que, à sua maneira, também é ímpar. Há e há e haverá sempre até deixar de haver (do fim também, e só, o sei único). Depois és tu (que lhes dás sentido, forma, rosto de espelho que felizmente não me obedece). E os outros.

1 comentário:

Isabela Figueiredo disse...

Não apenas este: poemas muito bons.
Não te conhecia esta vocação.

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