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quinta-feira, maio 10, 2007

e a tua espera nenhum cão entenderia

Frio e negro o alcatrão na tua frente. Os carros nele e neste crepúsculo de dia útil igual a tantos na tua reforma. O cão observa-te, olhos molhados do hábito que vos traz à rua, chuva sol vento, o calor do verão, detalhes apenas na confiança que o animal te tem. Observa-te sentado, sabe que podem avançar, nenhuma coisa de metal se faz ouvir agora. Mas tu esperas (e a tua espera nenhum cão entenderia). Esperas que um passado extraviado, qualquer um daqueles que reclamas teus, te apanhe. Esperas os amigos cremados (que o atraso e a espera não se separam facilmente). Esperas o sentido disto a que chamam vida, as oportunidades que de longe se vêem todas (e não as sabias últimas e tantas tantas desperdiçadas). Esperas no silêncio da estrada que o tempo te leve, te carregue, talvez e também de trela, a um outro costume. E que seja menos cristalino que este, que agora, te atravessa os olhos.

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