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quarta-feira, maio 16, 2007

não fazes ideia - que parvoíce a minha

Sento-me no sofá novo neste azul vivo de entardecer. Cheguei cedo, podia ler um livro (dois deles esquecidos ao pé dos jornais, perdi-lhes o enredo, nem me lembro dos títulos, dos autores) mas ligo a TV, viajo com o dedo pela dúzia de canais que pouco ou nada dizem, sequência atalhada de imagens sem interesse. Divago. O gato roça-se, na minha perna de ganga, de cauda espetada, senta-se no meu colo e repousa no sono leve dos felinos. Um episódio da segunda guerra, uma batalha pintada a cinzentos e o tempo passa. Oiço a porta. Chegaste, vês-me na sala. Sem largares a mala vês (creio) o hábito construído por nós nos últimos anos e eu tento, na tua imobilidade, na falta inesperada à rotina que tão bem cumpres, perceber as máscaras que te tapam. Por um momento hesito na demora do teu sorriso e não sei que faça (a mala continua na tua mão, pousa-a por favor, não fazes ideia - que parvoíce a minha - o quanto gostaria que a pousasses). O gato abriu um olho e também te observa na sua preguiça que torna este mundo tão mais simples. O que esperas? O que vai nesse teu silêncio?

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