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quinta-feira, junho 28, 2007

juntos, viam-nos passar

Fora tudo tão rápido. Dois militares surgiram entre os ecos da guerra, eram promessas de glória, fios de água às sementes de heróis lá da vila. Muitos jovens foram-se neles. Formou-se um pelotão antes da estação mudar e a angústia dos mais velhos encheu a terra (em muitos olhos a tristeza da perda contra a cega esperança da volta. Tudo muda mas não há mas que cheguem a um olhar de mãe). Atrás deles o silêncio apenas a ocupar o lugar na mesa, a cova da cama, a toalha por molhar, o beijo nos lábios dela. Semanas depois, um batalhão passou, em direcção à fronteira da guerra ainda invisível e que se estendia no continente. O padre e o banco de madeira, juntos, viam-nos passar. O Jorge pastor a perguntar mudo pelas ovelhas que há muito perdera, no Sérgio a falta da barca e do rio onde nascera, o António na saudade das plantas e árvores, no arrependimento desse entusiasmo que o levara. Passos sincronizados mas só isso. Lá iam e neles as mãos a sangrar de tanto afagar espinhos.

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