Olhares Palavras Momentos

quinta-feira, junho 14, 2007

a luz da manhã, a rua deserta

Acordo. O tecto outrora branco cercado agora de paredes húmidas, um relógio parado numa delas, noutra um quadro uma casa de pedra um casal que sorri pintado na sua deslembrança. O hotel nesta madrugada isolou-se do centro da cidade. Nada oiço, apenas na janela sul o ritmo demorado do Tejo a esvaziar-se no mar, um cargueiro nele cumulado de ferrugem e os anos gastos sob a ponte, lentos, a atravessá-la. Do quarto, a luz da manhã, a rua deserta, um vestígio de chuva nas roupas molhadas estendidas, pesadas. Duas nuvens lá fora, outra comigo a carregar-me a noite. Para onde foste? Um espelho na parede oposta à claridade e vejo-me à contra-luz do dia que começa. Tu despertada, perdida na cidade que acorda. Eu e os olhos, meus, no reflexo ao lado do barco, fazendo-se como ele ao fio do horizonte. Tentando encontrar (no meu rosto?) as ruas que te conheceram os passos.

Sem comentários:

Posts Anteriores