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quinta-feira, outubro 18, 2007

a fome feita gente

Vês o céu enegrecer e um outro dia que cessa preenchido de ausência. A fome, como um mar sobre um barco vazio que se afunda, invade-te consome a esperança que ainda e só ela te alimenta. De longe notícias, ecos de morte, da estrada novas caras iguais à tua, meses atrás, da estrada um caminho só de vinda, da estrada a terra batida em pés descalços de quilómetros, multidões sem nome, a coragem onde já não há força para o medo, o mundo, imenso, indiferente, cansado, a fome feita gente. Passam por ti mas nos teus olhos o quase nada que os alaga. Quantos dias gastos? Quantos mortos por saldar essa dívida que nos fez, há muito tempo, do barro e do silêncio de um deus já exausto?

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