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quinta-feira, outubro 11, 2007

num acordo tácito

Disseste. Todos eles sabiam doutras formas, por rumores de vizinhos, no arrumar do quarto, nos gestos e nos actos que te fazes, no imponderável que é seres fruto dessa paixão já vivida um dia (e que tão morta te parece agora). Era num acordo tácito, contigo e os teus pais, que se soltavam os meses. Não podias mais na expectativa, no aperto de ar desse confronto adiado, nas discussões mil vezes sonhadas, revistas. Não pensavas ser assim. O teu pai, calado, a comer no prato o bife grelhado que o colesterol desterrou, o copo de vinho a meio e a eterna marca rósea na toalha por lavar, a tua mãe entre batatas fritas transformada em garfo, o olhar destituído do teu irmão, espelho do silêncio que te atinge.

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