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quinta-feira, dezembro 13, 2007

a pequena bola decide, rápida, inescrutável como o futuro

As luzes no seu brilho baço são a única mentira de vida a rodear-te. Contigo outros, sentados, nas mãos cigarros tremuras e dinheiro de um monopólio sério, todos suspensos no girar da roleta. O olhar vazio dos teus pares tão diferentes da distância do empregado (o único à espera de sair). Enquanto a pequena bola decide, rápida, inescrutável como o futuro, observas a abstracção das fichas na quadrícula branca, símbolos de uma vida que esvazias para semeares este pano verde (o que interessa hoje o salário para o resto do mês? onde está a mulher que deixou de se surpreender quando não vinhas para casa ao recebê-lo? que amizades tens para lá do código do Multibanco?). Lá, num canto, sabes não interessar o resultado desta voragem, par ou ímpar, maior ou menor, negro ou vermelho, nada se altera. Num casino não chove, não faz sol, não se ama nem se odeia. É-se suspenso de ser gente enquanto todo o resto passa.

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