Olhares Palavras Momentos

terça-feira, março 24, 2009

esta num medo que nada revela

São teus na medida que é possível hoje o serem. Pagas-lhes salário, contribuições, quase todos os seguros, a alguns até casa e comida. O teu ocorrer diário é enterrado no pouco que vêm ou ouvem. Seguem-te as ordens, os desejos, a rotina que fizeste de cada dia. Passeias na casa, ao fim da noite, cansado, velho (estás velho dizes às paredes erguidas pelo teu pai na esperança podre dos anos trinta), o som dos passos anuncia-te aos quartos vazios, desces a escada, atravessas a entrada e segues a luz amarela da cozinha. Lá dentro, todos param. A governanta num qualquer dizer à nova criada, esta num medo que nada revela, o motorista e um pequeno copo vazio sujo de vinho, o jardineiro nessa ausência de alegria que vos infesta. Sais. Resta-te o som dos passos e o silêncio frio desta gente a quem pagas a proximidade.

Sem comentários:

Posts Anteriores