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terça-feira, abril 21, 2009

e interessa-te, essa resposta que ensaias?

Os cotovelos no balcão numa espera inesperada. Uma da manhã, o silêncio da noite que entra pela janela e o sono, apesar de agora começado o turno. No papel que desenhas traços a tua mão, no relógio a inquietude, no velho que dorme na segunda fila os teus olhos. Vês-lhe os punhos magros de uma qualquer fome, o casaco rasgado de anos atrás ainda trazido. Vês-lhe o tempo fugir como te foge, o mundo que passa fora desta sala de espera. Quantos velhos como este viste entrar? Menos dos que viste sair mas quantos? (e interessa-te, essa resposta que ensaias?). A morte rodeia-vos (ao hospital, aos doentes, a vocês que o fazem). A esperança também, e o sorrir e a alegria da cura, mas estes são de memória gasta no normal dos dias seguintes. De madrugada vêm lavar-vos paredes, o chão, as portas e o branco que os reveste. Só que não há nada que não se macule.

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