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terça-feira, abril 28, 2009

rasgar

A noite pousou há muito e nela a lua nova, a silhueta cansada dos prédios sujos da cidade, os sons que restam das casas cheias. Um pontilhado de luz é o que sobra das horas e numa varanda outro como eu (creio) ambos neste calor de dia derramado, neste tremor do relógio ainda por ver, nesta espera de olhar a estrada que se perde após a curva, na partilha de uma falta (das notícias que não dás, desse respeito erigido ou então - esquece o resto - do teu sorriso). Oiço o elevador. Não a vi na rua, um desvio de olhar talvez, um fechar de olhos na lembrança do primeiro beijo e na promessa daquele abraço, uma distracção qualquer e agora a fechadura a abrir-se em ti. Não dizes nada, quase não olhas a varanda onde me congelo e avanças convicta para o quarto a rasgar-me a memória nesse silêncio.

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