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terça-feira, junho 16, 2009

Lisboa enfim num começo de Outono

Eu a atravessar a rua, tempo livre para olhar o empedrado, a fina água das regas, as folhas caídas, um pombo que foge dos meus passos, Lisboa enfim num começo de Outono, num início de tarde e sem razão levanto a cabeça e no vidro do restaurante, do outro lado, uma mulher que fala a alguém mas um olhar que reconheço, igual ao de minha mãe a ver sair de casa meu pai, igual ao do meu avô a definhar pela última vez na sua cama (não me lembro de mais nada desse dia, como se naqueles olhos uma torrente um remoinho de esquecimento), à professora de matemática na sua última aula antes da operação e da reforma antecipada, ao cão da quinta, calado, a saber-se morrer, outros e outros e eu também num espelho a pensar partir. Mas avanço, o restaurante afasta-se e nisto a vê-la ainda, a perdê-la para qualquer nova frase que agora ensaia.

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