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terça-feira, junho 02, 2009

para lá da opacidade que te limita

Os rostos uns nos outros indistintos na luz que escapa ao palco. Como se não existisses, coberto que estás nessa tua personagem. Agora (agora!) quem és? Que palavras são estas que dizes? De um autor morto há décadas, traduzidas em proveito do público para lá da opacidade que te limita? Tuas? Sejam de quem for, é no estrado que se reagem, despoletando na tua companheira outras palavras (que conheces antes que ditas. Quando sobes o palco deixas de ser rede para ser órbita cumprida. Para ti o Teatro é o desvendar de um secreto, um refluir de promessas saciadas). Quem são vocês? Um casal de velhos, uma recordação perdida da mente do escritor. Ou os que cinco anos atrás aqueceram a mesma cama, as mesmas noites de partilha em imprecisos remoinhos de alegria e tristeza? Quando te calas, vês na plateia a testemunha cega que todas as sextas, na primeira fila, vos vem ouvir. Só no silêncio do palco podes ser, por segundos, tu mesmo. Os mesmos momentos em que te apagas nesta rapariga sem nome.

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