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terça-feira, julho 07, 2009

A tua solidão na minha

Sente-se, por favor, sente-se que eu trago alguma coisa para comer. Do que gosta? Posso tratá-lo por tu? Do que gostas então? Também eu tenho boa boca. E sim, também gosto do teu sorriso, já te vira nele durante a semana passada quando chegaste à aldeia, neste cinzento escurecido que ninguém de fora se lembra. Passam cá, quatro em quatro anos, uns carros coloridos agitados, cheios de gente que está noutro lado, a olhar o futuro que querem ver. Fora isso, nem o padre se lembraria deste canto se não lhe entretecem os olhos caídos de Helena, a menina do Conde. E vieste tu, com o teu riso determinado para arranjar a velhice desta terra, a pintar-nos nas mãos as cores do progresso, na tua ânsia de agarrar qualquer mundo que te passe na frente. Tão diferente que és desta... O que dizes? Solidão? Sim, é disso que se revestem estas casas. Vem no vento que passa, na geada que fica. Vem no silêncio velado destes ombros, meus, há muito tempo não tocados.

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