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quarta-feira, setembro 23, 2009

Parado como eu, um senhor

Sábado de dispensa vazia e eu ela o carro a caminho do hipermercado. Hora de almoço a tentar diminuir a enxurrada de gente que nunca se evita, lá todo um país de carrinho de compras, uma transubstanciação de coisas que faltam, um desfilar de prateleiras a esvaziar-se em milhares de mãos neste espaço branco, um trânsito de gente que não se fala, um rosto ali que penso conhecer (mas não, passa por mim sem me ver e afinal o bigode os olhos aquele rosto diferente), o cheiro de cem queijos, de chouriços e na variedade dos legumes que diminui com os anos. E nesta babel à venda há os mesmos tapetes e roupas e livros para todos, nesta igualdade que nos confunde, neste ver o mesmo que nos desejam. Parado como eu, um senhor a guardar as compras, a segurar-se nos minutos no carrinho de grelha azul, um olhar para não sei onde, a cruzar silêncios naqueles que passam.

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