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terça-feira, outubro 06, 2009

das vidas outras fachadas como a tua

Tu na porta entre braços abertos e beijos fechados, o corredor límpido de tanta luz e ao fundo, na sala, a mesa nessa disposição militar de comida que tão bem dominas. O pó limpo da idade da casa, as memórias guardadas os gemidos os gritos e o choro num canto da dispensa que ninguém quer ver. Apenas o verniz do teu sorriso, a superfície polida do obrigado que de tanto repetido pelos anos se colou a ti, essa aparência que destoa da dos teus filhos cansados das festas dos sábados, das pessoas que nada lhes dizem (e que tanto falam), das vidas outras fachadas como a tua onde te sentes bem nelas reflectida porque no final, na soma que fazes quando, já noite, te deitas ao lado da fúria calada do teu marido, o que resulta são os mil reflexos da vossa ausência.

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