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sábado, novembro 07, 2009

e a mãe num sorriso tentado

Esta praceta chegada entre apertadas ruas de Lisboa. Nela uma senhora sentada, rabo-de-cavalo sobre o ombro esquerdo, concentrada entre pombos e a mão indecisa nas palavras cruzadas. A fonte esgotada de água verde, dois pardais a beber-lhe e um menino que os assusta (naqueles pequenos braços agitados quantas promessas futuras, quantas mentiras verdades momentos respostas, quantos colos por sustentar?) Outra senhora, meio saco branco de mercearia e uma bolsa gasta bege aberta num fecho estragado a brincar às palavras com um bebé e a mãe num sorriso tentado sobre as lágrimas que não secaram. Nenhuma delas fala e já se afastam. E tantas folhas neste verão caídas! Carros que passam ao largo (não os oiço) e um telemóvel que estraga o feitiço deste silêncio que discreto se punha em mim.

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