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sábado, novembro 21, 2009

e naqueles rostos

As rodas do autocarro escondem os buracos da estrada que tão bem conheces. Recomeça tudo nesta nova madrugada, os candeeiros ainda acesos, as ruas de carros detidos, as pessoas já sentadas na paragem. Pouco passa das cinco horas e naqueles rostos o cansaço de ontem, o lutar do mês, a miséria de cada vida. Ninguém conversa, não lhes vês os olhos nem as mãos. Estão fechados no frio da noite e levantados agora à resposta da tua chegada. Páras e abrem-se as portas ao bairro. Conheces as caras de quase todos que entram, nomes e mais nomes desfilados no silêncio da manhã, a Emília na sua viagem de três horas e quatro transportes que agora começa, os dois Zés da enorme construção no outro lado da cidade, o Luís ajudante de padeiro que já foi advogado, a Ana e o filho diabético (qual o nome do menino? não te lembras e isso envergonha-te e cala-te, estupidamente sabes bem, pois por isso e só por isso não respondes ao sorriso por aparar nos olhos dela).

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