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quinta-feira, janeiro 14, 2010

ela fechada outra vez esta noite

O volante seguro nas mãos, o rádio ligado (um programa local qualquer, antes vozes iradas agora música que não conheces), uma fresta deixada de janela, o vento apertado, o som dos insectos. A linha branca a alimentar a estrada, o passar de casas juntas, dois olhos de gato a reflectir a luz que do carro emana e no céu negro um pontilhar de estrelas. Avanças decidido mesmo que não saibas para onde. Ao teu lado ela, ela zangada pela razão que esqueceste, ela na ausência de ti, ela fechada outra vez esta noite (e neste atravessar cego, um separar de carro em dois, tu na serra parado, no molhado da terra mexida, a vê-la ir-se levada pela curva), ela nem sequer preocupada que adormeças.

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