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quinta-feira, janeiro 21, 2010

na casa do meu pai a ver-me crescer

Nunca eu nesta estrada. Nunca eu nos passos que me levem a ti. Nunca eu outra vez. Os gestos que repetes, as ameaças (ou promessas talvez, no limite não se distinguem) tecidas em novelos que já não conheço, tudo reciclado e no entanto nada muda nesses mesmos gritos, nessa porta sempre fechada em explosão, no contar mesquinho dos silêncios demorados, na contabilidade aflitiva do que foi dito (e não dito, pois não é só as respostas que não queres ouvir, são as perguntas que não respondo, as acusações que não contesto) e o que queres que fique? o que achas que sobra a este napalm diário que são as discussões que nos despem (a mim, a ti quero crer, ao constrangimento da velha Inácia a fechar a porta e nós a entrar, ou com ela no elevador, trinta anos na casa do meu pai a ver-me crescer e agora isto, o que lhe devo? perguntavas, e eu não sabia - ou não queria - dizer-te o quanto de passado esta querida velha me resgata).

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