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quinta-feira, maio 27, 2010

São rostos limpos de cara aqueles que defrontas

A casa sozinha para lá da sala onde te encontras. O frio da noite a cercar o calor do teu corpo deitado na sala. Todos esses papéis são dossiers a contar os cinzentos dos dias, são vidas catalogadas em processos do teu serviço, defesas e argumentos que afastam nomes, abstracções legais e decretos de decretos. São rostos limpos de cara aqueles que defrontas ainda acordada. A TV nas notícias repetida a cada meia-hora, outras vozes que misturam as tuas e fechas os olhos de sono, horas perdidas de esforço nesse navegar que escolheste nesse mar do insondável. Ainda estás vestida de trabalho, ainda na preocupação que não te permites largar marcada nessa roupa que não despes (menos os sapatos, deixados à porta no tapete desbotado que trouxeste dos teus pais, a gastar-se em cada chegada tua, assim como um pouco menos de ti que entra, cada vez que chegas sozinha sempre à espera de ninguém).

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