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quinta-feira, junho 10, 2010

um pouco desse riso,

Em redor uma floresta de metal a encerrar caras. Por entre os vidros outros como eu à espera. Alguém que se ri sozinho (naquele riso a minha ignorância da sua origem, o ritmo dos dias e um pouco de inveja do meu desanimo repetido deste trânsito parado) e penso do que rirá ele, se de um programa qualquer de rádio, se de uma voz ao telefone, se de uma boa lembrança da noite ou do ano passado. No meu carro agora muda a música e viro-me obediente para o outro lado. Uma mulher que olha para os sinais, para a rua, para o mundo de pessoas que nos define e naquele olhar um qualquer de triste, um também não saber meu dessa ausência de riso, tão abundante no homem que, na minha nuca, imagino ainda a rir dessa graça secreta e silenciosa que não ouvirei. Queria dar-lhe um pouco desse riso, ser ponte e justiça neste momento condenado de semáforo. E sobre nós vagas de pernas cruzadas na passadeira diante da luz verde de um boneco. Depois a sua troca com o vermelho e somos, novamente e apenas, os que seguem em frente.

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