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quinta-feira, junho 03, 2010

um torpor que também a ti te guia os braços

De mão em mão entregas pedaços de papel impresso com notícias de ontem. Nessas mãos abertas um testemunho passado, um ou outro olhar em ti mas para a maioria és um invisível, um algo que se apaga nessa entrega, um rosto igual entre mil esquecidos. É inverno e na quase chuva da manhã espalhas centenas de jornais iguais, grátis, lidos na pressa do caminho, deitados na rua a sujar de tinta e papel a cidade. Um regurgitar de carros e pessoas esta avenida, um cruzar de apatias, um torpor que também a ti te guia os braços, levantados, nesse suportar cansado de mais um dia. E, sem qualquer palavra dita, lá vão todos a afastar-se, a derramar-se desse centro, por ínfimo que seja, que és tu no teu emprego.

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