um rio, um mar esta noite
O comboio a acordar do torpor metálico e tu sentado ainda de saco verde entre as pernas. Esta mulher tua no teu braço, a segurar o corpo e tu já na promessa da distância, na esperança triste de um futuro melhor, na vida que não queres perder sem combate mas aquelas mãos aqueles dedos em ti e tu partido em dois (sentes-te metade, a outra deixaste nesta noite nos lençóis novos que ela pôs, nas toalhas limpas e no banho que pela primeira vez te deu, entre o silêncio deixado de lágrimas e um rio, um mar esta noite) e o apito que te reclama a presença. O que dizer neste termo que vos resta? Entre tanta coisa forçada qual o espaço que vos sobra? Outros iguais a subir as escadas, a entrar sozinhos, as mãos no vidro e o dever de os seguir (à tua volta a mesma cena em outras caras, outros braços, outros sulcos cavados). Não te chegam as palavras e agora os lábios dela nos teus. Esse adeus disfarçado de beijo.
Olhares Palavras Momentos
quinta-feira, junho 24, 2010
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