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quinta-feira, setembro 23, 2010

de mão dada num guarda-chuva

Dois dias de chuva para atravessar molhada a cidade. No autocarro, os lugares ocupados, eu de pé a acompanhar balanços. É de manhã, a madrugada passou há horas e ainda assim o olhar partilhado de quem se levanta. À minha volta pequenos afazeres, pequenos nadas para passar a viagem (uma rapariga e uma caneta a rabiscar a apagar vazios no jornal, uma mulher mais velha de capuz posto encostada ao vidro a querer dormitar, um casal de velhotes de mão dada num guarda-chuva, dois miúdos a dedilhar no telemóvel e o resto das pessoas nesse nada que não transponho), e o tempo passa perdido em curvas e rectas riscadas de branco e amarelo, nas paragens de sempre, nos fluxos de carne e roupa que obedecem às portas. Horas que do silêncio pouco fica por dizer.

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